tag:blogger.com,1999:blog-7842556339204837912024-02-08T03:30:41.101-08:00Das palavras que eu não disse...Este blog é dedicado a todas as palavras que jazem na covardia da minha boca.
Aqui elas nascem póstumas...Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.comBlogger25125tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-33303189213181508552009-05-23T19:28:00.000-07:002009-05-24T19:06:09.536-07:00Poesia de um tema SóIsso é tudo que resta quando precisa se esconder para ajudar<br />É o olhar de longe para não ser notado, querendo ser notado<br />É o torcer calado, rezar pra chuva passar depressa e aquecer seu dia<br />É o sofrer calado, rezar pra chuva cair de novo e esquecer que um dia<br />Pediu pra não chover<br /><br />É imaginar, inocente, que se doa o que se tem, o que se sente<br />É um querer, displicente, olhar para o lado errado, ver o que não quer ver<br />É amar e sentir culpa, levantar a vista e cair no chão ao perceber que o abraço<br />Estava para lá, em outra mesa, em outra dança<br />É perceber que o que não se tem aqui é por evitar, por não saber dançar<br />Mas dói saber que na outra mesa, na outra dança, os passos continuam iguais<br /><br />Eu sou só<br />E isso tudo é a minha solidão<br /><br />É minha parceira fiel, que jamais me abandona<br />É ela quem me guia quando me perco na multidão<br />Foi ela quem disse para a Vida:<br />"Ensine o menino a ser só, porque assim sempre será"<br /><br />E assim sempre foi.<br />Meu melhor amigo sequer existiu<br />Meu tato sequer sentiu<br />Tudo aquilo que toco, toco com leveza<br />Toco por cima<br />E só me aprofundo em mim mesmo<br />E nesse brincar de avestruz<br />Haverá um dia em que me vire do avesso<br />Assim talvez os outros saibam o que há aqui por dentro<br />E alguém diga à Vida:<br />"Ensine a solidão a ser menino!"<br />E então ela perceba que todo menino precisa ser homem<br />E nenhum homem é uma ilha<br /><br />Aos menos assim alguém cantou...Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-40546480454055263082009-05-23T19:09:00.000-07:002009-05-23T19:39:50.474-07:00Por que eu escrevo<span style="color: rgb(204, 204, 204);"><span style="color: rgb(102, 102, 102);">O que nos diferencia dos outros animais é a capacidade de nos indignar - e o que nos assemelha aos vegetais é o "não fazer nada, entretanto". Não sou animal nem vegetal: sou alma inquieta e coração pulsante. Sou cegueira pelo tanto ver, a surdez por nada ouvir e rouquidão por tanto calar. Que a escrita cure meu tato, então. Que veja, escute e fale por mim. Que cada toque da caneta no papel seja um golpe desferido àquilo que me atormenta. Que meu paraíso esteja nas entrelinhas de cada verso, que meu futuro esteja conjugado em cada verbo e que eu fale até minha voz curar minha surdez. Salvo a mim primeiro, para depois salvar o que restar: eis meu arrebatamento.</span></span>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-57667400936495721652009-05-10T17:02:00.001-07:002009-05-10T17:39:07.579-07:00BayEu, que sou alado<br />Passo longe das nuvens<br />Mal sei andar<br />Procuro não as cores, não a leveza<br />Mas o vôo<br />Me ensina a voar<br />Vai, se você precisa ir<br />Voa pra longe, mas me tira daqui<br />De dentro de mim mesmo<br />Sou âncora em teu porto...<br />Guardo em mim o aroma das margaridas<br />Parte do teu pouso<br />Mas me fiz feliz assim<br />Pois tua felicidade me faz bem<br />Será que a borboleta<br />Ao sair do seu casulo<br />Sabe a beleza que tem?Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-25081204560098764062009-05-03T19:11:00.000-07:002009-05-03T19:20:18.398-07:00<marquee direction="up" scrollamount="1"><br />E vou assim, em movimento<br />De fora pra dentro<br />Do meio ao homem<br />E assim me descubro<br />Mais eu e mais meu<br />Mais seu do que ontem...<br /></marquee>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-61318534279112052732009-04-08T14:40:00.000-07:002009-04-08T14:45:04.596-07:00Oito do quatroOito do quatro<br />Porque do oito<br />Quatro é a metade<br />Assim como esta<br />Que é minha parte<br /><br />Metade<br />Nada mais<br /><br />Hoje o que digo<br />É só o silêncio<br /><br />E nada mais.Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-58910414494265963482009-03-29T10:53:00.000-07:002009-03-29T10:59:53.997-07:00Sobre o caminharComo margaridas, brotam meus icebergs<br />Em rio calmo de curso não cessante<br />As marcas d'água nas páginas em branco<br />Um vôo caótico em manobras errantes<br /><br />Em seda e pó costuro minha armadura<br />Que carrego como quem leva um elefante<br />A força vem não do medo da ferida<br />Mas das frases que não escuto como antes<br /><br />Não procuro por já saber onde é que estou<br />No lugar onde disse que sempre vou estar<br />É mais fácil sair à caça da borboleta<br />Ou simplesmente esperar ela pousar?<br /><br />Não me confunda jamais com a paisagem<br />Pois pra sempre em relevo vou deixar<br />O que hoje protego com camuflagem<br />Para um dia, por inteiro, te mostrar<br /><br />Sou a volta para casa muito tarde<br />Por motivos que insisto em distorcer<br />Hoje o som que me acalanta e me sossega<br />É o mesmo que um dia me fez morrerCláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-60322806453009581502009-03-14T14:46:00.000-07:002009-03-14T19:38:49.469-07:00Conversa entre dois apaixonados- Eu vou como vão as tempestades<br />Levo o que há em meu caminho<br />Destruo o que não se deve destruir<br />E, ao fim, findo.<br /><br />Giro em torno de mim mesmo<br />Atraindo o bom e o ruim<br />O bom parece ir-se depois<br />E o ruim se tornar parte de mim.<br /><br />Amigo, como vai a vida?<br /><br />- Amigo, sou de ti um espelho<br />Teu reflexo, teu rosto e tua dor<br />Minha agonia agora responde por mim<br />E eu só tentando juntar o que ficou.<br /><br />Estou como querem os abutres:<br />Homem por fora, carcaça por dentro<br />Minh'alquimia agora é desastre<br />Transformando todo remédio em veneno.<br /><br />- Eu te entendo e irei te confortar<br />Eis aqui um vencido, um perdedor<br />Que pergunta a ti se aguentas<br />Uma vida sem sentir dor.<br /><br />Saiba que sem a dor, um homem<br />Mutila a si mesmo sem saber<br />Fura os dois olhos com os dedos<br />E nem percebe que parou de ver!<br /><br />- Talvez cego eu esteja e ainda não vi<br />Pois, eis aqui o meu torpor<br />Nem mesmo lembro se já vivi<br />Uma vida em que não houvesse dor.<br /><br /><br />Hoje já não sei se eu nasci<br />Ou se já vim morto de nascimento<br />Fadado a viver me perguntando<br />O que me causa tanto tormento.<br /><br />- E eu a viver amando a tudo<br />E por tudo também sofrendo<br />Pois hoje sou um homem sem medo<br />Que a tudo quer e a tudo vive querendo.<br /><br />E não há lógica mais cruel<br />Que essa presente no amor<br />Como um sentimento tão lindo<br />Pode sustentar-se na dor?<br /><br />- Talvez dialoguem asneiras<br />Ou teçam artimanhas contra nós<br />Mas ultimamente um começa no outro<br />E o que sempre resta é o após.<br /><br />Só sei que das mulheres eles falam<br />E falam sobre mulheres num andor<br />E nós, discípulos e escravos da alma<br />Temos um coração curioso e sonhador.<br /><br />- Irmão e irmã, filhos das mulheres!<br />E que mães desnaturadas elas são<br />Parem amor e dor, mas, na hora de criar<br />Entregam-nos em nossas mãos.<br /><br />E deixam sua cria à nossa sorte<br />Embora sejamos irresponsáveis<br />Somos mães e pais de filhos amados<br />E odiados, contudo, por nossos erros irreparáveis.<br /><br />- É verdade e desdita tudo que dizes<br />Sobre a tutela que temos nas mãos<br />Não somos donos nem de nós mesmos<br />Quem dirá de um outro coração.<br /><br />Somos atraídos por nossos desejos<br />E fazemos de nosso lar uma prisão<br />Não por imprudência ou negligência<br />Mas por falarmos com a voz da paixão.<br /><br />- O desejo é uma lâmina afiada<br />E o apaixonado sofre duplamente<br />Primeiro o desejo corta o coração<br />Depois ele é cravado na mente.<br /><br />Sábios os que usam armadura<br />E que se privam do próprio olhar<br />Estes formam o grupo dos homens<br />Que nunca irão se apaixonar.<br /><br />- Os sábios, amigo, são todos<br />Teóricos por devoção<br />Que da prática nada conhecem<br />E do amor só têm a audição.<br /><br />E são todos velhos, bem sei<br />Não por muito terem vivido,<br />Mas, por tanto abortarem o amar,<br />O coração tem se apodrecido.<br /><br />- Entendo... Discordo, entretanto.<br />Antes fossem todos amados<br />Ou amantes, pois, os sábios hoje,<br />Foram antes ‘comidos, cuspidos e largados’.<br /><br />E mesmo com tudo isso<br />Digo que dar sentido à vida<br />É amar, não ser amado.<br />Amar até a hora da partida!<br /><br />- Amar para sempre é sofrer<br />Se o outro não conseguir te amar<br />Por isso é mais sábio viver<br />Amando enquanto o “para sempre” durar.<br /><br />Eternas são só as lembranças<br />Já os amores, estes vêm e se vão<br />Cada ida é uma vez que morremos<br />E cada chegada é uma ressurreição.<br /><br /><br />- Amar eternamente é a solução<br />Para os problemas da humanidade<br />Não se precisa amar um alguém<br />Mas os humanos em sua totalidade.<br /><br />Esquece que um dia<br />O teu amor te abandonou<br />Pois o amor só abandona<br />Quem um dia já amou.<br /><br />- O que dizes é uma boa questão<br />E que há muito me inquieta<br />O amor é fruto de sua lembrança<br />Ou da dor que ele arquiteta?<br /><br />Razão e paixão não são aliadas<br />Nunca foram, nunca serão<br />Pois como podemos viver nas nuvens<br />E ainda assim triscarmos o chão?<br /><br />- Não vivemos nas nuvens<br />Mas sim no ardor do inferno<br />Pois, que é o amor<br />Senão calor no inverno?<br /><br /><br />Derretemos o gelo<br />E fez-se então um mar<br />E tal mar é composto<br />Pelo verbo sofrer-amar.<br /><br />- E é de inventar verbos<br />Que se cria a gramática do amor<br />Imperativos da primeira pessoa<br />Subjuntivos do que ainda for.<br /><br />Tempo presente e talvez um futuro<br />Quase sempre imperfeito<br />Pois o homem que ama é mais que um vidente<br />É um vidente que só acha defeito<br /><br />- É isso o que me deixa triste<br />Pois não acho nenhum defeito<br />E a tudo nesse mundo<br />Deixo o adjetivo ‘perfeito’.<br /><br />E a gramática de nada serve<br />Se da boca não sai nada<br />É como tentar escrever<br />Quando se tem a mão cortada.<br /><br />- Ter bons olhos a tudo que vê<br />Não é absurdo, muito menos defeito<br />Mas apenas um retoque que fazes<br />Para deixar o teu mundo direito.<br /><br />O remédio da dor é a ignorância<br />É não saber o que te devora<br />Desconhecer o infortúnio da alma<br />Não saber que o amor foi embora.<br /><br />- É absurdo e é defeito<br />Por isso que ando a me cegar<br />Já não aguento mais sofrer<br />Por mais que eu ame amar!<br /><br />E se ontem evitei o amor<br />Foi pra hoje me provir dele<br />Pois se ontem ele cuspia dor<br />Hoje é prazer que ele expele.*<br /><br /> Amigo,<br />O amor é o amor e é beleza<br /> Então permite a ti sentir<br /> Deixa todo rancor e mágoa<br />Simplesmente ir.<br /><br />Ama hoje e amanhã, sê amante<br />E por nada nesse mundo cansa de ser<br />Ama pelo bem teu e dos outros, do mundo<br />Ama de amanhecer a amanhecer.<br /><br /><br /><br /><br />[O outro apaixonado atende por Solitude]Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-11922478785593549662009-03-04T19:07:00.000-08:002009-03-04T19:39:16.404-08:00IoiôEu quero brincar de ir.<br />Brincar de ir e voltar.<br />Voltar e brincar.<br />Aprender a dançar.<br />Ouvir cantar.<br />Ouvir chamar.<br />Me calar.<br />Gritar.<br /><br />Na ida eu quero aprender a ser homem mau.<br />Sair da ciranda e inventar nova dança.<br />Me embriagar com outras coisas e por outros motivos.<br />Sentir na pele a saudade da pele que eu não mais sentia.<br />Encontrar novos vícios buscando velhas virtudes.<br /><br />Na volta quero recompensa por minhas maldades.<br />Quero companhia na dança que acabei de inventar.<br />Quero acordar de manhã e curar minha ressaca.<br />Sentir na pele outra pele, sem sentir mais saudade.<br />E tornar meus vícios razão para continuar a voltar.<br /><br />Eu quero me olhar no espelho e brincar com a imagem.<br />Brincar de ver e esconder.<br />Brincar de descobrir.<br />E descobrir que nessa brincadeira<br />Nesse vai-e-vem-que-não-acaba<br />Esse reflexo é o brinquedo que mais gostei.<br />O mesmo fio que o lança, é o mesmo fio que o recolhe<br />Por isso, ioiô foi o nome que eu dei.Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-16724197405804058232009-03-03T11:28:00.001-08:002009-03-03T11:29:08.335-08:00ContratoÉ um escrito em mim<br />Contrapor o inegável<br />Tornar fácil o difícil<br />Dificultando o fácil<br /><br />É uma anti-semântica<br />É a anti-razão<br />Cântico mudo, ponto final<br />Suor, deleite, paixão<br /><br />Talvez só domingo<br />Ou quem sabe é o amor<br />Sem dança, sem vela<br />Ou tapete voador<br /><br />É apenas querer<br />Não mais que querer<br />É querer o que se teve<br />É ter mais e querer<br /><br />É apenas criação<br />De uma pobre criatura<br />É choro, é dor, é enfeite<br />É casca, é rocha, armadura<br /><br />É a licença de vida<br />Que tirei para mim<br />A forma de não lamentar<br />Quando se chega no fimCláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-34364764517021298342009-03-02T06:44:00.000-08:002009-03-02T06:45:16.140-08:00AulaHiato<br /><br />Duas vogais que na apostila<br />São unidas pela palavra<br />E separadas pela sílaba<br /><br />Hi-a-to<br /><br />O pior de todos os encontros<br />Vocálico de nascença<br />Sozinhos por maldição<br /><br />Hiato<br /><br />Maldição é apenas regra<br />De uma gramática equivocada<br />Onde tônica é uma só<br /><br />Hi-a-to<br /><br />Um hífem é quem partilha<br />Mas aprendi que na vida<br />A partilha é algo bom<br /><br />Hiato<br /><br />Não por ser separação<br />Mas por cada um dar ao outro<br />Um pedaço do coração<br /><br />Hi-a-to<br /><br />Luta tola que o tempo sara<br />Pois o que o destino uniu<br />A gramática não separa<br /><br />Hiato<br /><br />Que não seja regra então<br />Pois passada essa fase<br />Nosso encontro se tornará<br /><br />Crase.Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-17762815998245317962009-03-01T20:49:00.000-08:002009-03-01T20:50:25.991-08:00ReviverDas coisas boas que senti<br />As melhores foram aquelas que senti de novo<br />Ainda que com outro gosto, outro cheiro<br />E o mesmo rostoCláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-39399203081509847112009-02-19T06:01:00.000-08:002009-02-19T06:37:05.922-08:00Iris"<span style="font-style: italic;">Chove lá fora</span><br /><span style="font-style: italic;">E eu aqui</span><br /><span style="font-style: italic;">Juntando os pedaços</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Não vou embora</span><br /><span style="font-style: italic;">Nem vou ficar</span><br /><span style="font-style: italic;">Para te ver em outros braços</span>"<br /><br />Talvez ainda seja cedo de mais<br />Ou quem sabe nunca seja tarde de mais<br /><br />Para sangrar, tudo o que há<br />Na menina dos meus olhos<br />Nos olhos que eu vi, um dia<br />Chorar de amor<br />Que eu vi procurar, um dia<br />O que ficou<br /><br />Mas eu te digo, menina<br />Não te torne um rio<br />Ser rio é sempre ruim<br />Se rio é para te ver assim<br />Voando<br /><br />Tocando minh'alma<br />Exugando meu pranto<br />E não o teu<br />Me concedendo asas<br />Iguais as tuas<br />Anjo meu<br />E sempre me tornando<br />Um dia de cada vez<br />Um pouco mais humano<br />Um pouco mais euCláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-53313071075816172302009-02-19T05:20:00.000-08:002009-03-04T19:45:11.591-08:00Aos olhosNão fique assim<br />Já chove de mais lá fora<br />Onde vai guardar todas as memórias?<br />Onde vai levar tudo que foi embora?<br /><br />Do pote dos seus sonhos<br />Só restaram os pedaços<br />Que te cortam as feridas<br />Mas que precisam ser juntados<br /><br />Vê em ti, menina dos meus olhos<br />O anjo de que me chamas<br />A chama que me acalma<br />A calma que sustenta<br />O sustento de minh'alma<br />A alma que me toca<br />O toque de um anjo<br />Que me dá asas e me torna<br />Sempre mais humano<br /><br />Eu sou assim<br />Um poquinho do que há em ti<br />Me faz feliz por inteiro então<br />Junte os cacos, corte os dedos<br />Mas remende o seu coraçãoCláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-62782889475215935652009-02-13T04:23:00.000-08:002009-02-13T05:15:37.154-08:00Torre de BebelNenhuma montanha gosta de ser alta.<br />É ruim ser intocável, ter o cume longe de qualquer cafuné<br />E lá em cima é frio.<br />Nenhuma montanha gosta do frio.<br /><br />Quando um grito a desperta<br />Quando um toque a aquece<br />Ela derruba a neve<br />A deixa correr solta, caótica, por seu corpo<br />A deixa deslizar, purificando, levando tudo em seu caminho<br />Tentando levar a montanha junto com ela<br />Tentando diminuí-la<br />Descê-la<br />Tranformá-la em homem<br />Fazê-la sentir<br />Tirar-lhe a dormência que o frio causa<br /><br />Sei disso porque sou montanha<br />Ainda que em uma cordilheira<br />Sou apenas montanha<br /><br />Cordilheira não é coletivo<br />É um conjunto de solidões<br />Onde os gritos ecoam<br />E o eco é um grito não ouvido<br />É um grito retornado<br />Uma avalanche que não se forma<br /><br />Alpinistas se aventuraram em meus desafios<br />Deixaram pegadas em meus enigmas<br />Que cada avalanche absorveu<br />Tornando-me menor<br />Menos montanha<br /><br />Mas os ventos sopram<br />Anunciam o inverno<br />Os alpinistas descem<br />A avalanche ecoa<br />E me torna montanha de novo<br /><br />Mas nenhuma estação é eterna<br />Nenhuma montanha nasceu grande<br />Nenhum homem morreu pequeno<br />E toda neve já foi água<br /><br />Os pássaros têm sede<br />Às vezes têm sede de água intocável<br />Às vezes só querem voar<br />E foi assim que aconteceu<br /><br />Um pássaro pousou sobre mim, montanha<br />Triscou seus pés em minha dormência<br />Cantou seu canto rouco, que não ecoou<br />Bateu asas e voou<br />Fugiu, se libertou<br />Matou sua sede<br />Talvez até mais<br />Voou para baixo, para chegar lá em cima<br />E provocou um desmanche<br /><br />- Avalanche!<br /><br />Minha neve derreteu<br />Tornou-se água<br />Tornou-me transparente<br />Diminuiu-me<br />Desceu-me<br />Concedeu-me um sentido a mais<br />Levou embora tudo que tinha de alto<br />E do meio da cordilheira, da epiderme do meu tato<br />As certezas de que sou montanha somem<br />Isso porque sou menos montanha<br /><br />E mais homem.Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-26668163814593471502009-02-11T20:28:00.001-08:002009-02-13T04:23:12.701-08:00Minha geografiaUma península é uma ilha<br />Até o dia em que olha pra trás<br />E descobre um continenteCláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-79119453789666465222009-01-30T12:54:00.000-08:002009-01-30T13:08:41.000-08:00Do InsoneMinha insônia<br />Não reclama uma cama<br />Mas os teus lençóis.Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-65220460055878698722009-01-27T08:25:00.001-08:002009-02-01T20:00:23.218-08:00Cantiga da moda<div style="text-align: justify;">Eu chorei e chorei e de chorar fiz um mar<br />E nele pus um barquinho só de papel<br />Desses que um só vento é capaz de afundar<br />Ou até mesmo levar para o céu<br /><br />E eu chorei e chorei, triste a acenar<br />"Ô, pobre barquinho, me leva também"<br />Mas sou eu quem acena ou é ele, no mar?<br />Ai, se eu pudesse acenar mais além<br /><br />Eu chorei e chorei por não mais saber<br />Se era a chegada ou era a partida<br />E mesmo o choro, não sei mais dizer<br />Se é por ânsia da volta ou por medo da ida<br /><br />Não choro, não choro - não sei mais nadar<br />Pra alcançar o barquinho. "Que vem ou que vai?"<br />Não fique à deriva, senão vou afogar<br />E não aguarde o vento: "Vá! Navegai!"<br /></div>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-84409184710689520732009-01-26T05:24:00.000-08:002009-01-26T09:58:02.269-08:00Ao pranto meu no rosto teuEu vou perguntar<br />Alguém responda, por favor<br /><br />- <span style="font-style: italic;">Por que me fere tanto</span><span style="font-style: italic;"><br />A lágrima no rosto do meu amor?</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">- Se não é culpa,desdita ou desdém<br />Saudade, temor ou raiva, também<br />É porque aquela é uma lágrima minha<br />No rosto de um outro alguém<br /><br />-------------------------------------<br /><br />Pinga, goteira<br />Mas pinga em mim<br />Pois quando pinga<br />N'outra casa<br />Seca mais<br />O meu jardim<br /><br /></span><span style="font-style: italic;">-------------------------------------<br /><br />O que eu quis dizer<br />com "O que os olhos não vêem,<br />o coração não sente"?<br />É que não te ver chorar<br />Mas ainda assim saber<br />Deixa meu coração dormente<br />Só de tanto doer<br /><br /><br /></span><span style="font-style: italic;"><br /></span>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-78499026180144571352009-01-24T20:17:00.000-08:002009-01-25T08:28:57.060-08:00Apenas dez segundos<div style="text-align: justify;">Se lembre quando eu perguntar<br />Que falei: "não adianta se esquivar"<br />O espelho pode se esconder<br />Mas o reflexo sempre vai estar<br />No mesmo lugar que eu deixei<br />Só esperando eu me assanhar<br /><br />Talvez seja frio ou mesmo orgulho<br />Mas dessa vontade em que me embrulho<br />Dez segundos são pra me acalmar<br />Neste instante eu então mergulho<br />No restante, apenas vasculho<br />Tudo aquilo que me podes dar<br /><br />Sorrisos, fugas e vontades<br />E toda aquela castidade<br />Que só nos olhos moços há<br />Graça, amor e festividade<br />Se não é, aparenta estar<br />Nessa vaidosa brutalidade<br /><br />Meio-dia, meia-noite, meio tarde<br />Tarde é nunca e nunca é tarde<br />Para então me aconchegar<br />Em um abraço meio aberto<br />Meio bobo e todo incerto<br />Mas só ele pra me acalmar</div>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-15410388669764870382009-01-23T23:03:00.000-08:002009-01-23T23:24:50.775-08:00AdivinhasO que é, o que é?<br />Cai em pé<br />E corre deitado?<br /><br />Se não é chuva, o que é?<br />É tudo aquilo<br />Que foi deixado de lado<br /><br />É jazigo ou mulher?<br />Ou sussuro de amor<br />Ainda mais abafado?<br /><br />É um delírio qualquer<br />Um devaneio sem lei<br />De um réu investigado<br /><br />Nenhum destino sequer<br />Para alguém procurar<br />Sob o arco-íris anunciadoCláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-3666762926683753672009-01-22T18:40:00.000-08:002009-01-31T19:43:09.646-08:00GeometriaDicotomias a parte<br />Eu quero mesmo é o futuro<br />Nem direita nem esquerda<br />Eu quero linha reta<br />Daquelas que constroem flechas<br />Tempos e amores<br />Ah! Mas o amor é uma linha curva<br />E o que é uma reta se não uma curva infinita?Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-76492270480182409972009-01-22T17:38:00.000-08:002009-01-27T09:34:57.850-08:00L<div style="text-align: justify;">Pensando ser inteiro<br />De metade eu vivia<br />Preso no cativeiro<br />Da metade que eu<br />não via. Agora vejo<br />Passarinhos em<br />furta-cor. Furtam<br />tudo: meu sorriso,<br />meu milagre, meu<br />amor. De inicio,<br />arredio. Mas no<br />meio, transbordei:<br />exagerei, mas<br />nunca vazio. Se errar, que seja por exceder.<br />Pra não olhar pra trás, pro que não foi, e me<br />arrepender. É o fim? Alguém então me per-<br />gunta. Àquela a quem quero disposta e a quem<br />deveria ter feito defunta, é com quem deixo a<br />resposta, se nossas metades se juntam.<br /></div>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-54338480463358151982009-01-16T17:07:00.000-08:002009-01-27T09:34:16.932-08:00Sobre minha saudade<div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">Das palavras que eu não disse e das que nunca direi</span><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic;">sinto saudade. </span><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">Também dos amigos que não fiz ou das bocas que não beijei.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Do tropeço não dado ou das palmadas não tomadas</span><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic;">sinto saudade</span><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">E choro por lágrimas enxugadas e pelas não choradas.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Do passado onde eu pude ou do futuro em que eu poderia</span><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic;">sinto saudade</span><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">Assim como das velas assopradas ou das que assopraria</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Das despedidas ou das chegadas.</span><br /><span style="font-style: italic;">sinto saudade</span><br /><span style="font-weight: bold;">Ou ainda das coisas que não me foram dadas.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Mas minha maior saudade não é do "beijei", "chorei" , ou do "partí"</span><br /><span style="font-style: italic;">sinto saudade mesmo</span><br /><span style="font-weight: bold;">Da saudade que não senti</span><br /><br /><br /></div>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-18861876705491775592009-01-14T21:19:00.000-08:002009-01-17T19:58:48.175-08:00Tenho algo em minhas mãos que de tão precioso me embarquei em um dilema que não parece ter fim: se seguro com muita firmeza e aperto mais e mais para que não escape das mãos, corro o risco de partí-lo no meio e desmanchá-lo como sonho de padaria no céu da boca. Por outro lado, se afrouxo os dedos, posso deixá-lo escapar como sonhos da minha vida no céu que nunca alcanço.<br /><br />Parece triste mas o que me enxarca agora é felicidade. Acho que me aproximo cada vez mais da cadência necessária ao meu tato - <span style="font-style: italic;">ou quem sabe a cadência nada mais é do que um resgate ou uma fuga.</span><br /><br />Um resgate da firmeza que outrora tive nas mãos. O andar pela praça com as mãos cheia de dedos que não eram só os meus. O acariciar que não machuca nem hesita, mas que se faz sentir.<br /><br />Ou a fuga disso tudo. A perda da chance de hesitar ou machucar. A acidez que é a boca para o sonho da padaria. A acidez que se tornou minha boca para meus próprios sonhos.<br /><br />Se peco são pelos excessos. Mas excesso mesmo é não pecar. É não se arriscar, mas também é não se preservar. É não correr, é não andar, é não voar - <span style="font-style: italic;">ou pular de um abismo.</span> É não ter medo de conhecer o novo, é não ter medo de perder o velho, é não deixar o novo ser velho ou insistir em renovar. É se recusar a voltar de onde veio ou partir para onde não se vai. Afinal, pra onde vou senão na direção da sombra que me acolhe?<br /><br />Excesso é toda e qualquer excessão. Exceto eu, exceto nós. Somos eternos assim como todos os outros. Somos jovens assim como todos os velhos já foram e disseram um dia. Somos capazes assim como fomos incapazes e somos medrosos nos fim assim como fomos corajosos no começo.<br /><br />Somos excessão apenas por sermos únicos no nosso mundo, no mundo que criamos para nossos excessos.<br /><br />E se me excedo no apertar ou no soltar, é apenas por me exceder no querer ou no desistir. E querer de mais ou desistir de vez, isso sim é pecar. Porque ou pulamos longe de mais do abismo, ou nos seguramos na pedra mais segura: <span style="font-style: italic;">talvez o chão esteja longe.</span>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-784255633920483791.post-71716151491051129792009-01-14T20:56:00.000-08:002009-01-14T21:50:07.644-08:00<span style=";font-family:webdings;font-size:100%;" ><span style="color: rgb(0, 0, 0);">Palavras espremidas do sertão das minhas falas<br />Ditas, cuspidas na sala e juntadas do chão<br />Pois não sou poeta, não sou cantor<br />Não sou artista, nem compositor<br />Mas tenho o mote, o lápis e o apontador<br />E um coração<br /><br />Gotas espremidas do sertão do meu querer<br />Pingadas, escorridas pelo meu deserto profano<br />Afogando suas mágoas e lavando sua alma<br />Trazendo tempestade onde antes tinha calma<br />E tornando o que antes cabia numa palma<br />Em oceano<br /><br />Faço verso, faço arte<br />Faço juras e faço verdades<br />Faço tudo pra não errar<br />Mas erro mais e mais<br />Faço guerra e faço paz<br />Enquanto você me faz<br /><br />Se sou o que agora sou<br />É porque fui forjado no teu calor<br />Se onde havia pedra, hoje há emoção<br />É porque me esculpiu no carinho de tua mão<br />E além de tudo você ainda faz<br />Um oceano em meu coração<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />[<span style="font-style: italic;">a ela... com amor</span>]<br /></span></span>Cláudio Martinshttp://www.blogger.com/profile/11266474343406318091noreply@blogger.com0